Ab imo pectore.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

ORAÇÃO – SILÊNCIO E RECOLHIMENTO



Vianney Mesquita



Segundo o conceito mais geral e notório, oração corresponde à elevação da alma e do coração a Deus, a fim de adorá-lO, agradecer-Lhe e dEle solicitar as graças de que todos necessitam.
Em ideia semelhante, denota a súplica destinada aos santos, com o escopo de rogar-lhes, como entes que já privam da Presença Divina, a intercessão, junto ao Criador, para que Ele aceda aos pedidos de cada qual, desde que procedentes e justos: “Vosso Pai sabe o que vos é necessário, primeiro que vós lhO peçais”.(Mt. 6-8).
Com efeito, para a súplica ser integral e efetiva, é absolutamente indispensável uma circunstância especial: haver SILÊNCIO e RECOLHIMENTO. Impõe-se, portanto, antes de tudo, se aquietar o espírito, sossegar o transporte e a têmpera da alma, por via da tranquilidade, com vistas a se instalar a meditação sob quietude completa.
           Afigura-se realmente impossível uma pessoa orar ao ritmo da celeuma e ao compasso do ruído, quando da comunicação com o Pai e os seus eleitos. A prece jamais poderá suceder, efetivamente, sem o recato espiritual, na ausência de SILÊNCIO absoluto e RECOLHIMENTO perfeito.
           O tempo durante o qual se permanece no templo antes de iniciar o ministério da Santa Missa é a ocasião ensejada para se aprestar a ambiência de oração, aprontar o locus da paz e quietação e completar o diálogo com Deus na plenitude.
           É por demais recorrente, entretanto, no interior de nossas igrejas, capelas, santuários e afins, o fato de os fiéis demandarem os requisitos do SILÊNCIO e do RECOLHIMENTO e não lograrem sucesso em tal pretensão, em virtude da interferência de cochichos e colóquios, até em tons elevados, por parte de seus vizinhos, cobrindo todo tipo de assunto, desde os temas domésticos e as fofocas até o futebol.
Resta, então, por conseguinte, inviabilizada a condição propícia à conversação transcendente, configurada nas preces, para recepcionar a celebração do Ofício Divino.
        Não será, entretanto, o cumprimento sóbrio, a vênia ou reverência discreta, a obstarem um bom estado de oração -- isso é admissível. Contrario sensu, a zoada e a sibilação constantes, denotativas de uma insuficiente urbanidade – estas, sim – é que atalham os pensamentos de quem pretende e precisa rezar, confundindo o entendimento comunicacional com as Pessoas do Alto e baldando o ideal de quem se dirigiu à Igreja com o objetivo de agradecer, pedir perdão, implorar por quem se finou e tantas outras rogativas de que o ser humano é carecente.
         Respeitemos, pois, o fiel cristão que intente estabelecer ligação pacífica e sem arruídos com Deus e os seus santos, colaborando ao fazer SILÊNCIO – este que, na dicção do escritor e político espanhol Luiz Araquistain, é o pai da meditação, que é a mãe da crítica, e esta, por sua vez, é a madrasta do pessimismo.
        Reverenciemos, pois, esses irmãos que desejam orar e não podem, em virtude do pouco caso, dessa indiferença em relação a eles, das conversas travadas em fala alta na intimidade da Igreja, impedindo os liames que cogitam estabelecer com o Pai Celeste e as almas nEle santificadas.
        Tenhamos, por conseguinte, na devida conta o fato de que a ORAÇÃO efetiva solicita a circunstância primordial do SILÊNCIO e do RECOLHIMENTO!



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